Quando você passa a compreender mais de uma indústria, e deixa de ser um especialista vertical, passa a perceber os estereótipos de cada especialidade. Isto leva a uma outra constatação, de que apesar de estarmos no século XXI as pessoas ainda constroem e gerenciam suas carreiras como no século XIX, quando a revolução industrial criou as super especializações. Imagine um indivíduo hiper especializado em engenharia por exemplo, tentar compreender a simples dicotomia chefia x liderança. Ele simplesmente não consegue abstrair, lhe falta conhecimentos específicos para conseguir compreender que a maior competência para liderança não é um profundo conhecimento técnico, basta que ele saiba harmonizar e motivar sua equipe, e é exatamente isto que ele não consegue fazer.
O bom líder geralmente não é o melhor especialista, um bom líder, lidera qualquer time, em qualquer área. Quando acontece de um funcionário alcançar um posto de liderança por conta de seu “tempo de casa”, e este não estar apto a liderar, ele se torna efetivamente um chefe, e este setor da empresa passa a sofrer uma estagnação por alguns motivos:
- Por não ter habilidade em harmonizar sua equipe, surgirá um ambiente micro político que consumirá horas de produtividade ao custo de perda de motivação;
- Por não saber liderar, tenderá a concentrar as decisões, ao custo da enorme perda de produtividade e motivação da equipe;
- Ele limitará a competência intelectual do seu setor porque enquanto ele for o chefe, não contratará ninguém melhor do ele tecnicamente, pois teme perder o posto.
Este problema não se limita ao nível de gerência, pode ser encontrado em nível de diretoria e até mesmo a partir de CEOs, Presidentes e Empreendedores. Há um número significativo de empresas que não gostam de contratar profissionais “pensantes”, que são “fontes de problemas”. Detestam quem pergunta demais, ou quem quer entender o contexto das atividades, para eles o bom funcionário é aquele que faz seu trabalho sem muito questionar, uma herança do século XIX.
Ainda ontem duas interessantes discussões surgiram aqui no LinkedIn sobre o futuro do emprego, uma proposta pelo Reinaldo Del Dotore e outra pelo Ciro Bottini e ao mesmo tempo temos de conviver com esta síndrome da estagnação corporativa, será que com o advento da automação do trabalho, e da possível obsolescência do trabalho humano nos dedicaremos mais ao desenvolvimento da criatividade e das inteligências intra pessoal e interpessoal ?
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